Lore
Pistoleiro
Que tocaia mais chinfrim. Ele está recostado no meu Pardal, a insegurança estampada no rosto, pronto para entrar em ação a qualquer momento. Os capangas o flanqueiam, todos os olhos dardejando, procurando encrenca, procurando por mim.
Eles tentam estreitar os olhos, escapar da claridade, mas não vai rolar. Eu me lembro de quando costumava tapar os olhos contra o sol, quando tentava espreitar nas sombras. Não preciso mais dessas coisas.
Eu esvazio o copo e me levanto, alongando as mãos cansadas. O sol brilha no cano da pistola dele; vai ser rápido, dá pra ver. O grupo tá ficando agitado. Onde tem impaciência, tem imprecisão. Isso eu não perdoo, não.
Dou um passo na claridade e é como se eu voltasse a respirar. Todos juntos, eles se empertigam, alertas, como se eu já não os estivesse observando há vinte minutos. O grandalhão tira o traseiro do meu veículo. Uma vitória modesta. Então, ele se infla todo, a mão se aproximando da pistola. A minha fica bem firme no coldre.
"Olha só quem decidiu aparecer à luz do dia."
Decidi mesmo. E você vai desejar que eu não tivesse.